O Parlamento Europeu aprovou esta quarta-feira a próxima Comissão Europeia. O novo colégio de comissários de Ursula von der Leyen, que inclui Maria Luís Albuquerque, reuniu 370 votos a favor, 282 contra e 36 abstenções.
A última votação decorreu durante o plenário de Estrasburgo, em França. A nova Comissão Europeia recebeu os aplausos de apenas parte do hemiciclo.Os eurodeputados portugueses de Chega, Bloco de Esquerda e PCP votaram contra o novo colégio de comissários.
A luz verde seguiu-se a um processo de audições aos comissários indigitados e a duras negociações, ao longo das últimas semanas, entre as famílias de centro-direita, socialistas e liberais - eram sete os nomes pendentes, num conjunto de 26.
A presidente da Comissão Europeia congratulou-se com a aprovação do Parlamento Europeu ao seu novo colégio de comissários, falando num "bom dia para a Europa", em que "o centro resiste".
"Hoje é um bom dia para a Europa porque a votação mostra que o centro resiste. Estou muito grata pela confiança manifestada pelo Parlamento ao novo colégio [de comissários] e a votação permite-nos começar agora, a 1 de dezembro", afirmou Ursula von der Leyen numa conferência de imprensa realizada à margem da sessão plenária da assembleia europeia, na cidade francesa de Estrasburgo.
"Estamos ansiosos por começar e isso é fundamental porque o tempo urge", acrescentou, salientando que “enfrentamos desafios políticos significativos dentro da nossa União, nas nossas fronteiras, na nossa vizinhança, em que precisamos de aumentar a nossa competitividade e em que o impacto das alterações climáticas se faz sentir cada vez mais fortemente".
Após críticas ao seu colégio de comissários - nomeadamente por ter um vice-presidente dos Reformistas e Conservadores Europeus, nomeado por Itália -, Ursula von der Leyen fez questão de destacar a sua "equipa forte e experiente", na qual tem "plena confiança na sua capacidade de entrega, não só como indivíduos, mas também como equipa".
"A estrutura do novo colégio permitirá um trabalho de equipa eficiente e soluções transversais", adiantou.
As prioridades de Von der Leyen
No seu discurso de apresentação ainda antes da votação, Ursula von der Leyen disse que vai continuar a "luta pela liberdade".
“A nossa luta pela liberdade pode parecer diferente da das gerações passadas, mas o que está em jogo é igualmente elevado e honroso e isso implicará fazer escolhas difíceis, investimentos maciços na nossa segurança e na nossa prosperidade e, acima de tudo, significará mantermo-nos unidos e fiéis aos nossos valores, encontrando formas de trabalharmos em conjunto e ultrapassando a fragmentação”, disse a presidente da Comissão Europeia.
Von der Leyen recordou o intenso processo de escrutínio parlamentar como a "marca de uma democracia viva" e prometeu trabalhar com "todas as forças democráticas e pró-europeias desta assembleia".
"Trabalharei sempre a partir do centro porque todos queremos o melhor para os europeus e todos queremos o melhor para a Europa e é altura de nos unirmos e honrarmos (...). Esta unidade será ainda mais importante no mundo contestado de hoje, um mundo em que todas as fraquezas são transformadas em armas, todas as dependências são exploradas, a nossa liberdade e soberania dependem mais do que nunca da nossa força económica, a nossa segurança depende da nossa capacidade de competir, de inovar e de produzir, e o nosso modelo social depende de uma economia em crescimento, enfrentando simultaneamente as alterações demográficas", adiantou.
Von der Leyen prometeu ainda uma Comissão decididamente centrada no relançamento da economia da UE, afirmando que a primeira grande iniciativa da nova comissão será “uma bússola de competitividade”.
“A bússola será construída sobre três pilares do Relatório Draghi: colmatar a lacuna de inovação com os Estados Unidos e a China, um plano conjunto para a descarbonização e a competitividade e o aumento da segurança e a redução das dependências”, anunciou.
O apoio à Ucrânia e a defesa fazem igualmente parte das principais prioridades da sua equipa, com Von der Leyen a defender um aumento dos gastos com a defesa do bloco europeu perante o investimento militar russo.
“Precisamos de reforçar a base industrial de defesa. Precisamos de melhorar a nossa mobilidade militar e precisamos de projetos europeus comuns em matéria de defesa. Não temos tempo a perder e temos de ser tão ambiciosos quanto as ameaças são graves”, frisou, fazendo referência aos 9% do PIB que Moscovo investe no sector da defesa, por comparação com os 1,9 dos países europeus .
A nova Comissão Europeia tem um mandato de cinco anos e deverá entrar em funções no dia 1 de dezembro.
Entre os 27 nomes escolhidos estão 11 mulheres, uma das quais a comissária indigitada por Portugal e antiga ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que vai ocupar o portefólio dos Serviços Financeiros.
c/ agências